Ismênia — E dize, minha pobre irmã, diante disso, por que palavras ou por que atos terei de mostrar valor?
Antígona — Prestarás tua ajuda? Serás minha aliada neste impasse?
Ismênia — Pobre de nós! Lembra, minha irmã, como nosso pai foi aniquilado pelo ódio e pelo opróbio, quando, revelados seus próprios crimes, mutilou os olhos com as próprias mãos! E também sua mãe e esposa, duas mulheres em uma só, que acabou com a própria vida em uma corda ignominiosa! Lembra, por fim, de nossos irmãos, mortos no mesmo dia, desgraçados, dando-se mutuamente a morte! Agora só restamos nós... pensa no fim ainda mais terrível que nos espera se contrariarmos o decreto e afrontarmos o poder de nosso rei! Convém também lembrar que somos mulheres e não temos como lutar contra homens; além disso, não temos poder algum e estamos submetidas aos mais poderosos. Por isso, somos obrigadas a obedecer às suas ordens, por mais que nos contrariem.
Sófocles. Édipo Rei / Antígona: Sófocles — Coleção obra-prima de cada autor. São Paulo: Martin Claret, 2005.
Considerando a obra Antígona, de Sófocles, e o fragmento de texto dela extraído, bem como os múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue o próximo item.
No mundo grego antigo, era comum a percepção de que as mulheres espartanas viviam sob condições menos desfavoráveis do que em outras cidades-estado da Hélade, porque, entre outras coisas, tinham o direito de possuir e herdar propriedades.