Questão
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
2009
Fase Única
Jamais-problema-vida1771a0218be
[...] Jamais o problema da vida e da morte me oprimira o cérebro; nunca até esse dia me debruçara sobre o abismo do Inexplicável; faltava-me o essencial, que é o estímulo, a vertigem... 

Para lhes dizer a verdade toda, eu refletia as opiniões de um cabeleireiro, que achei em Módena, e que se distinguia por não as ter absolutamente. Era a flor dos cabeleireiros; por mais demorada que fosse a operação do toucado, não enfadava nunca; ele intercalava as penteadelas com muitos motes e pulhas, cheios de um pico, de um sabor... Não tinha outra filosofia. Nem eu. Não digo que a Universidade me não tivesse ensinado alguma; mas eu decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto. Tratei-a como tratei o latim: embolsei três versos de Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia de locuções morais e políticas, para as despesas da conversação. Tratei-os como tratei a história e a jurisprudência. Colhi de todas as coisas a fraseologia, a casca, a ornamentação...

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 22. ed. São Paulo: Ática, 1997, p. 55.

O narrador-personagem
A
revela-se vaidoso ao evidenciar os seus dotes intelectuais.
B
ressalta o papel decisivo da universidade na sua formação cultural.
C
confessa o seu desejo de libertar-se das limitações da vida acadêmica.
D
mostra-se preocupado com questões que problematizam a vida humana.
E
põe em destaque a superficialidade e mediania de sua postura em face do conhecimento.