Questão
Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT
2013
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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“João Grilo: Mas, espere, o senhor que é Jesus?

Manuel: Sim.

João Grilo: Aquele Jesus a quem chamavam Cristo?

Jesus: A quem chamavam, não, que era Cristo. Sou, por quê?

João Grilo: Porque... não é lhe faltando com respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimadinho.

Bispo: Cale-se, atrevido.

Manuel: Cale-se você. Com que autoridade está repreendendo os outros? Você foi um bispo indigno de minha Igreja, mundano, autoritário, soberbo. Seu tempo já passou. Muita oportunidade teve de exercer sua autoridade, santificando-se através dela. Sua obrigação era ser humilde, porque quanto mais alta é a função, mais generosidade e virtude requer. Que direito tem você de repreender João porque falou comigo com certa intimidade? João foi um pobre em vida e provou sua sinceridade exibindo seu pensamento. Você estava mais espantado do que ele e escondeu essa admiração por prudência mundana. O tempo da mentira já passou”.

SUASSUNA, Ariano. Auto da compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 2005. p.126.

O texto acima revela que Ariano Suassuna acrescentou à sua obra elementos de natureza social e religiosa, trabalhando com um universo genérico de símbolos, inerentes à diversidade cultural do Brasil. Diante dessa afirmativa, a peça Auto da compadecida está estruturada sobre elementos que fazem referência:
A
À arte clássica, quando demonstra a presença de mitos greco-latinos na criação das cenas.
B
Aos textos cênicos românticos, que muito se aproximam do teatro de Joaquim Manoel de Macedo.
C
Aos elementos da cultura popular nordestina, no gosto do autor em pintar personagens frágeis e pecadoras.
D
Aos elementos que levam o leitor a uma crítica sociopolítica da sociedade brasileira, tomando como parâmetro a época da ditadura militar do período Vargas.
E
A criação de heróis que revelam o grande valor que Suassuna apresenta pela Bahia, a sua terra natal.