Jornal da Unicamp – O senhor pertence à linhagem dos escritores médicos, como Cronin, Pedro Nava, Guimarães Rosa e alguns outros. As duas atividades se interpenetram e dialogam entre si?
Moacyr Scliar – Acho que a prática da medicina representa um verdadeiro mergulho na natureza humana, que é afinal o terreno fértil de inspiração para os escritores. Médicos e escritores partilham esse interesse pelo ser humano. De outra parte, a literatura ajuda também a prática da medicina. Não só escrever, como ler. Muitos escritores souberam traduzir, nos seus textos ficcionais ou não-ficcionais, o fenômeno da doença e a relação médico-paciente, de uma forma que resulta em aprendizado muito útil tanto para o estudante de medicina como para os médicos. Aliás, não é por outra razão que muitas faculdades de medicina desenvolvem uma disciplina chamada “Humanidades médicas”, que busca alargar o horizonte intelectual dos profissionais. E, nessa disciplina, a leitura de textos ficcionais, como é o caso de A morte de Ivan Ilitch, de Tolstoi, é usada como uma forma de aumentar a compreensão do profissional em relação à aproximação com o paciente.
(Jornal da Unicamp, 24 a 30 de maio de 2004. Adaptado.)
O termo “como” estabelece relação de adição, equivalendo a “também”, na seguinte passagem do texto: