O Largo da Palma, em junho, sempre espera o sol para vencer o frio que sobra da noite. As ruas pequenas e estreitas, que o cercam, tentam se ocultar com envergonhadas. Quando começa a subir, porém, o sol cria tamanha claridade que logo vence o resto da neblina. É essa luz- os rádios abertos no sobrado de azulejos, os vendedores de legumes e frutas já subindo a Ladeira da Palma- que faz da manhã a melhor hora para se andar no Largo da Palma.
Ninguém observa ninguém, porque, no largo, todos têm o direito de ser como são. Não foi por outro motivo que Eliane cortou a pressa para avançar, agora, em seu passo miúdo e lento. Na esquina, depois de um prédio que parece doente de velhice, vê o homem que, no pátio da igreja, recolhe o dinheiro das esmolas numa caixa de charutos. A vontade é de cortar o largo ao meio para, alcançando a igreja, dar dinheiro ao homem como deu farelo aos pombos.
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As palavras "envergonhadas" e "claridade", em termos de processo de formação de palavras, podem ser classificadas, respectivamente, como: