Leia atentamente o trecho abaixo, retirado do livro “Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal", do geógrafo Milton Santos.
O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade.
“Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de um mundo físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes. É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível a criação de um mundo veraz, o que é imposto aos espíritos é um mundo de fabulações, que se aproveita do alargamento de todos os contextos [...] para consagrar um discurso único. Seus fundamentos são a informação e o seu império, que encontram alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se pôem ao serviço do império do dinheiro, fundado este na economização e na monetarização da vida social e da vida pessoal. De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.”
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2021.
Com base nas informações do texto, analise as afirmativas apresentadas acerca do avanço da comunicação e da informação na conformação do território brasileiro.
I. Ao contrário de todo um imaginário que se formou no início da popularização da internet, a rede em si, apesar de sua arquitetura descentralizada, não é ausente de hierarquia e não está presente de forma homogênea em todos os lugares.
Il. As imensas desigualdades sociais e geográficas com que o País luta, historicamente, constituíram dificuldades extras para a implementação de políticas de acesso universal à internet, por isso, é uma grande vitória o fato de que o acesso à internet esteja plenamente democratizado no País.
III. O que Milton Santos chama de globalização, tem como um de seus principais conteúdos as técnicas da informação (por meio da cibernética, da eletrônica, da informática e da internet), que abarcam progressivamente os territórios nacionais, de forma seletiva e hierárquica.
Assinale a alternativa correta.