Questão
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
2007
1ª Fase
੦ Português
੦ Português
Gramática
Elementos do texto
Níveis de significação da linguagem
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Leia, com atenção, os três parágrafos introdutórios do artigo escrito pela lingüista Maria Helena de Moura Neves e publicado na revista Língua Portuguesa (ano I, no 12, 2006).

Na base da piada

Como uma simples anedota pode ajudar a reflexão sobre a linguagem.

Pode parecer estranho dizer isso, mas piadas são textos particularmente provocadores de reflexão, instigantes, e por isso mesmo, de boa escolha para o trabalho com língua e linguagem nas escolas. Considero evidente a suposição de que, para qualquer pessoa sensível interessada pela linguagem, depois do riso que a piada provoca fica a alegria de admirar de que modo o jogo de obtenção de sentido e de humor foi explorado.

São especialmente desajustes no acionamento de estruturas lingüísticas, ou em seu preenchimento, que fazem rir. Por exemplo, no nosso dia-a-dia, desperta-nos o riso o fato de alguém, por ignorância, ou mesmo por distração, descuido ou falta de atenção, operar algum desvio em uma construção, como nesta frase que encontrei em um cartão de Natal, “Que as alegrias deste Natal tragam todas as realizações possíveis e imaginárias.”, ou nesta que li como manchete de um jornal paulista “Bin Laden quer morrer antes de ser preso”.

Se se operam os mesmos desajustes para efeito tencionado de fazer rir (uma piada, uma tira, uma história em quadrinhos, lances divertidos em uma crônica, ou até mesmo em uma conversa informal), em vez de rir do autor, a gente ri com o autor. Captar esses desajustes é algo natural, é parte da competência lingüística de cada um, especialmente do falante nativo da língua, que sabe, justamente com isso, desfrutar do efeito de humor pretendido.

A autora defende o uso de piadas, no contexto escolar, por ser um gênero que
A
torna o ensino da língua menos enfadonho e mais produtivo, na medida em que explora o riso.
B
reproduz, de forma mais elaborada, os desajustes lingüísticos que vivenciamos no cotidiano.
C
permite aperfeiçoar a competência lingüística dos falantes nativos para que eles desfrutem melhor dos efeitos de humor pretendidos.
D
propicia uma reflexão estimulante sobre a língua/linguagem, particularmente no que diz respeito aos efeitos de sentido e de humor construídos.
E
produz um desajuste no acionamento de estruturas lingüísticas, o que provoca admiração no destinatário, mesmo que não o faça rir.