Leia com atenção a seguinte passagem do filósofo alemão Friedrich Nietzsche:
“A importância da linguagem para o desenvolvimento da cultura está em que nela o ser humano estabeleceu um mundo próprio ao lado do outro, um lugar que ele considerou firme o bastante para, a partir dele, tirar dos eixos o mundo restante e se tornar seu senhor. Na medida em que por muito tempo acreditou nos conceitos e nomes de coisas como em supostas verdades eternas, o ser humano adquiriu esse orgulho com que se ergueu acima do animal: pensou ter realmente na linguagem o conhecimento do mundo. O criador da linguagem, porém, não foi modesto a ponto de crer que dava às coisas apenas denominações, ele imaginou, isto sim, exprimir com as palavras o supremo saber sobre as coisas. Por isso, de fato, a linguagem é, talvez até mesmo por causa dessa imodéstia, a primeira etapa no esforço da ciência. Somente agora os homens começam a ver que sua antiga crença de que a linguagem continha o mundo era um erro monstruoso. Mas sabemos que a Lógica se baseia em pressupostos que não têm correspondência no mundo real; por exemplo, na pressuposição da igualdade das coisas, da identidade de uma mesma coisa em diferentes pontos do tempo. Quando surgiu, a Lógica tinha a crença de que há coisas assim no mundo real; crença que não temos mais. O mesmo se dá com a Matemática, que por certo não teria surgido, se desde o princípio já se soubesse que na natureza não existe linha exatamente reta, nem círculo verdadeiro, nem medida absoluta de grandeza. Felizmente é tarde demais para que isso faça recuar o desenvolvimento da razão, que repousa nessa crença”.
Friedrich Nietzsche. Humano, demasiado humano. Trad. Paulo César Souza. São Paulo: Cia. das Letras, 2004. §11, p. 21. – Adaptado.
Considerando essa citação, assinale a afirmação verdadeira a respeito da linguagem.