Questão
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
2023
Fase Única
Leia-continuaca814a9bd8c46
Discursiva
Leia a continuação da palestra de Darcília Simões, Texto I, para responder à questão.

TEXTO I

Trecho da palestra apresentado no Congresso da Pós-graduação em Letras da FFP- UERJ, 2005

A PRODUÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS

Darcilia Simões¹ (UERJ)

6. A RELAÇÃO ENTRE AS ANOTAÇÕES E O TRABALHO MONOGRÁFICO

Um livro de que não se tomaram notas é um livro que não se leu. Isto pode parecer uma afirmação muito radical, no entanto, especialmente para os estudiosos, a tomada de notas com organização é eficiente instrumento de trabalho. Assim, o hábito de fichar suas leituras em arquivo é também processo de aceleração da auto-instrução e da atualização permanente.

Parece que chegamos ao ponto axial de nossa atenção: saber estudar é saber ler e saber ler demanda agilidade e capacidade de operação com os dados obtidos na leitura. Para tanto, além de otimizar nosso ritmo de leitura, temos de otimizar os processos de tomada de notas.

[...]

Neste ponto, cumpre orientar o leitor acerca de modalidades básicas de tomadas de notas que, quando bem feitas, agilizam o trabalho monográfico.

6.1. O FICHAMENTO

Consultando o dicionário sobre o termo:

fichamento (de fichar + -mento): S. m. Ato ou efeito de fichar.

fichar (de ficha + -ar): V. t. d. 1. Anotar ou registrar em fichas; catalogar. (...) [Aurélio, s.u.]

Esta é a forma mais elementar de anotação de conteúdos pesquisados. Pode ser feita, pelo menos, de duas formas:

a) por cópia direta.

b) por paráfrase.

A modalidade “a” consiste na extração e transcrição literal de trechos lidos, sempre seguidos da indicação de autor, ano e página — estilo americano ou de Chicago — para facilitar a identificação da fonte.

Cada fichamento (se digital) deve consistir em um arquivo cujo título deve ser o nome da obra fichada e conter todos os dados identificadores da obra — a lombada, a orelha, a capa, a contra-capa, a folha de rosto, etc. — (inclusive os localizadores em coleção ou estante quando obra de biblioteca).

A modalidade “b” cumpre o mesmo ritual, porém, não se faz transcrição literal, mas o registro de conteúdo reapresentado por palavras do leitor.

6.2. A RESENHA CRÍTICA

Esta é uma modalidade de tomar-se notas dialogando diretamente com o conteúdo em estudo. Ao mesmo tempo que o leitor faz o registro de dados relevantes da leitura realizada, acrescenta-lhe, imediatamente, sua opinião sobre o lido; discute a visão do autor e registra a sua visão (do leitor) de modo a facilitar, na futura consulta, a identificação de prós e contras naquele material, naquela corrente teórica, enfim, naquela fonte.

Veja-se o que diz o dicionário:

resenha (Dev. de resenhar): S. f. 1. Ato ou efeito de resenhar. 2. Descrição pormenorizada. (...) 5. Recensão.

resenhar (Do lat. resignare): V. t. d. 1. Fazer resenha de; relatar minuciosamente.

2. Enumerar por partes. (...) [Aurélio, s.u.]

Este trabalho pode ser produzido após a feitura do fichamento. A digitalização de textos permite que o estudioso retome textos já produzidos e nele introduza elementos novos. (...)

6.3. O RESUMO

Sobre esta palavra, diz o dicionário:

resumo (Dev. de resumir): S. m. 1. Ato ou efeito de resumir(-se). 2. Exposição abreviada de uma sucessão de acontecimentos, das características gerais de alguma coisa, etc., tendente a favorecer sua visão global: síntese, sumário, epítome, sinopse. 3. Apresentação concisa do conteúdo de um artigo, livro, etc., a qual, precedida de sua referência bibliográfica, visa a esclarecer o leitor sobre a conveniência de consultar o texto integral. Ao contrário da sinopse, o resumo aparece em publicação à parte e é redigido por outra pessoa que não o autor do trabalho resumido. 4. Recapitulação em poucas palavras; sumário. (...) [Aurélio, s.u.] 

Este é o modelo mais elaborado de tomada de notas, pois demanda leitura integral e madura do texto em pauta, uma vez que o estudante deverá produzir um texto linear — dissertativo — que abarque a maior parte dos dados relevantes do texto estudado, de modo que um novo leitor (ou uma nova leitura distanciada no tempo) possa lograr uma idéia geral da obra resumida.

É um trabalho mais complexo, pois jamais poderá ter a mesma extensão do texto original, caso contrário não será um resumo. Ainda que não requeira (nem proíba) a transcrição de trechos do texto-base, tampouco a discussão das ideias do autor, o resumo exige capacidade de síntese, a qual, por sua vez, depende do poder de absorção da matéria lida por parte do estudioso aliada à fluência na expressão verbal escrita em registro formal (uso padrão da língua).

A meta fundamental do resumo é compactar as idéias do autor lido, com vistas a facilitar as futuras consultas à obra resumida que, apoiada no fichamento ou na resenha crítica, poderá fornecer os endossos teóricos indispensáveis na produção de um texto monográfico. (...)

¹ A autora é Doutora em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa, UFRJ, 1994), Professora adjunta do Setor de Língua Portuguesa da UERJ (Instituto de Letras – Depto LIPO), Coordª do Curso de Especialização em Língua Portuguesa e 1ª Líder do GrPesq (CNPq) Semiótica, Leitura e Produção de Textos.

Disponível em https://aedi.ufpa.br/parfor/letras/images/documentos/ativ2_2014/abaetetuba/abaetetuba2013/minicurso%20leituraproduo%20_prof.%20paulo%20bruno.pdf. Acesso em 30 ago 2022. Texto adaptado para fins didáticos.

Com base no texto de Darcilia Simões, indique pelo menos UMA característica do fichamento, do resumo e da resenha crítica que permitam distinguir cada uma dessas modalidades de tomada de notas.