Leia o diálogo a seguir retirado do filme O carteiro e o poeta.
Dom Pablo: Aqui nesta ilha, o mar. Tanto mar. Ele transborda de tempos a tempos. Diz que sim, diz que não, então não. No azul, na espuma, num galope diz que não, então não. Não pode estar tranquilo. “Chamo-te mar”, repete batendo na pedra sem convencê-la. Então, com sete línguas verdes de sete tigres verdes, de sete cães verdes, de sete mares verdes ele acaricia, beija, molha e bate no peito repetindo seu nome.
Dom Pablo: Então. Que te parece?
Mário: É Estranho.
Dom Pablo: Como assim, estranho? És um crítico severo.
Mário: Não, não o seu poema. Estranho… estranho… É como me senti enquanto estava a recitar.
Dom Pablo: E como se sentiu?
Mário: Não sei. As palavras iam para frente e para trás.
Dom Pablo: Como o mar?
Mário: Exatamente, como o mar.
Dom Pablo: Isso é ritmo.
Mário: Na verdade, senti-me mareado.
Dom Pablo: Mareado.
Mário: Não sei explicar. Senti-me como um barco balançando em volta de tuas palavras.
Dom Pablo: Como um barco balançando em volta das minhas palavras?
Dom Pablo: Sabes o que acabastes de fazer, Mário?
Mário: o quê?
Dom Pablo: Uma metáfora.
Mário: Não!
Dom Pablo: Sim, sim!
Mário: Mesmo? Mas não vale porque não tive a intenção.
Dom Pablo: As imagens nascem espontaneamente.
Assinale a alternativa em que o verso NÃO apresenta o mesmo recurso linguístico que aquele utilizado por Mário nesse diálogo do filme: