Questão
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
2010
2ª Fase
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Discursiva
Leia estes dois trechos:

E há de se entender o seguinte: que um príncipe [...] não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo frequentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. [...] Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, um príncipe vencer e conservar o Estado. Os meios que empregar serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo é levado pelas aparências e pelos resultados dos fatos consumados [...]

MAQUIAVEL, O Príncipe. Trad. L. Xavier. In: Os Pensadores. São Paulo: Editora Abril, 1979, XVIII, pp. 74-75.

Num combate da guerra civil contra Cina, um soldado de Pompeu, tendo matado involuntariamente o irmão, que era do partido contrário, ali mesmo matou-se de vergonha e tristeza; e alguns anos depois, numa outra guerra civil desse mesmo povo, um soldado, por haver matado o irmão, pediu recompensa a seus comandantes. Explicamos mal a honestidade e a beleza de uma ação por meio de sua utilidade; e concluímos mal ao estimar que todos estejam obrigados a ela e que ela seja honesta para todos se for útil.

MONTAIGNE, Os Ensaios. Trad. R. C. Abílio. São Paulo: Martins Fontes, 2001, III, 1, p. 25.
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Nos dois trechos, os filósofos, que viveram no início da Era Moderna, propõem duas perspectivas distintas - a da vida política e a da vida privada -, para a apreciação do valor das ações humanas. Cada uma dessas duas perspectivas gera, por sua vez, critérios distintos de avaliação.

A partir da leitura dos dois trechos transcritos, REDIJA três textos,

A) um, contrastando as duas perspectivas propostas.

B) um, identificando os critérios que cada um dos dois autores adota para avaliar as ações humanas.

C) um, argumentando a favor de ou contra a possibilidade de se conciliarem as duas perspectivas.