Questão
Universidade Federal do Pará - UFPA
2009
Fase Única
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Leia as estrofes, abaixo transcritas, do poema “O sentimento dum Ocidental”. 

Nas nossas ruas, ao anoitecer, 
Há tal soturnidade, há tal melancolia, 
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia 
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. 

O céu parece baixo e de neblina, 
O gás extravasado enjoa-me, perturba; 
E os edifícios, com as chaminés, e a turba 
Toldam-se duma cor monótona e londrina. 
[...]
Triste cidade! Eu temo que me avives 
Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes, 
Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes, 
Curvadas a sorrir às montras [vitrines] dos ourives. 
[...] 
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos 
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras. 
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras 
Um sopro que arrepia os ombros quase nus.

“Dó da miséria!... Compaixão de mim!...” 
E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso, 
Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso, 
Meu velho professor nas aulas de Latim? 

(VERDE, Cesário. O sentimento dum Ocidental. In: MOISES, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1996. p. 331-341.) 

A propósito desse poema, é correto dizer que
A
o poeta transporta para seus versos a atmosfera pesada da vida noturna da cidade grande que o atrai e emociona.
B
o tema central dos seus versos é a desilusão amorosa do poeta que, desesperado, procura consolo nas igrejas da cidade. 
C
seus versos revelam, por meio de imagens exageradas, o misticismo próprio do período simbolista ao qual pertence o seu autor. 
D
o autor descreve a vida portuguesa no campo, realçando a tranqüilidade da noite nas pequenas aldeias campesinas.
E
o campo assume os mais variados aspectos, enquanto o eu lírico passa absorto pelos caminhos, sem prestar atenção ao que acontece à sua volta.