Leia os excertos a seguir:
“[...] 111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos [...]”
(“Haiti”, CD Tropicália 2, 1993. Música de Caetano Veloso e Gilberto Gil, letra de Caetano Veloso).
Ali Kamel: “A face mais feia da sociedade brasileira, mas que frequentemente se manifesta de maneira inconsciente, é o que chamo de ‘classismo’: o preconceito contra os pobres. Estou cada vez mais seguro de que o racismo decorre essencialmente do ‘classismo’. O negro que dirige um carro de luxo e é confundido com um motorista, e, por isso, maltratado, é mais vítima de ‘classismo’ do que de racismo. [...]
Isso não torna o ‘classismo’ menos odioso que o racismo.”
(Adaptado de KAMEL, Ali. Não somos racistas: uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006, p. 101).
Alberto Carlos Almeida: “Os resultados reafirmam que há o preconceito racial, favorecendo os brancos em detrimento de pardos e pretos. E ele não é suave (se é que se pode dizer que há preconceito suave) como o estatístico, trata-se sim de um preconceito normativo. Tem interação com a posição social mensurada com a ajuda de uma proxy: a profissão. Os pardos e pretos que alcançam uma posição social melhor [...] são vistos com menos preconceito do que os que ficam na base da pirâmide social [...].”
(Adaptado de ALMEIDA, A. Carlos. A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 253).
O trecho da letra composta por Caetano Veloso e os dois excertos permitem concluir, em comum, que o preconceito no Brasil: