Questão
Universidade Estadual de Londrina - UEL
2022
Fase Única
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Leia o fragmento retirado da obra Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, e responda à questão

TIÃO – Papai...

OTÁVIO – Me desculpe, mas seu pai ainda não chegou. Ele deixou um recado comigo, mandou dizê pra você que ficou muito admirado, que se enganou. E pediu pra você tomá outro rumo, porque essa não é casa de fura-greve! TIÃO – Eu vinha me despedir e dizer só uma coisa: não foi por covardia!

OTÁVIO – Seu pai me falou sobre isso. Ele também procura acreditá que num foi por covardia. Ele acha que você até que teve peito. Furou a greve e disse pra todo mundo, não fez segredo. Não fez como o Jesuíno que furou a greve sabendo que tava errado. Ele acha, o seu pai, que você é ainda mais filho da mãe! Que você é um traidô dos seus companheiro e da sua classe, mas um traidô que pensa que tá certo! Não um traidô por covardia, um traidô por convicção!

TIÃO – Eu queria que o senhor desse um recado a meu pai...

OTÁVIO – Vá dizendo.

TIÃO – Que o filho dele não é um “filho da mãe”. Que o filho dele gosta de sua gente, mas que o filho dele tinha um problema e quis resolvê esse problema de maneira mais segura. Que o filho dele é um homem que quer bem! 

Adaptado de: GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam black-tie. 36ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019. p. 101-102.

Com base no fragmento, assinale a alternativa correta.
A
O trecho reúne Tião e Otávio respectivamente, um dos parentes e colegas de trabalho do pai do rapaz envolvidos no movimento grevista, que cria tensões e divide trabalhadores.
B
A condição de Tião ter tido “peito” permite que atos do personagem sejam interpretados por Otávio e outros trabalhadores como distantes da covardia.
C
De acordo com a visão de Otávio, a traição por covardia é ainda mais grave do que a traição por convicção, casos em que se incluem Jesuíno e Tião.
D
A alta carga dramática do trecho decorre do encontro entre personagens da mesma família com concepções divergentes sobre a greve e o trabalho.
E
Trata-se de uma passagem pouco comum, diferente daquilo que predomina na peça, que é a face cômica e pitoresca do cotidiano dos trabalhadores.