Leia o fragmento abaixo, retirado de A falência, de Júlia Lopes de Almeida. Nele, Dr. Gervásio pede a Francisco Teodoro o endereço do funcionário que quebrara a perna.
Considere o fragmento no contexto do enredo do romance.
Francisco Teodoro sorria-se do seu espanto, e para que ele não perdesse de novo o endereço, chamou um rapaz do armazém, o Ribas, e mandou-o acompanhar o médico até a casa do enfermo.
– Será melhor assim – disse ele –, não haverá perigo de errar o caminho, porque, conquanto você seja carioca, nesta parte da cidade, olhe que é mais estrangeiro do que eu!
O Ribas sacudiu a poeira do chapéu, enterrou-o até as orelhas enormes, e, balançando os longos braços sem punhos, dentro dum casaco enfiado à pressa, caminhou adiante, todo vergado, como um velho…
E por toda a rua de São Bento, ele guardou aquela compostura, sem relentar os passos nem voltar a cabeça. Entrado na da Prainha, modificou a atitude de caixeiro em serviço, foise deixando ficar atrás, até marchar ao lado do médico, morto por lhe pedir um cigarrinho.
[...]
Continuaram calados o seu caminho. E era um caminho todo novo para o médico, que o achava interessante na sua fealdade, extravagante no seu conjunto de velharias e sobejidões.
A novidade do meio dava-lhe um prazer de viagem: becos sórdidos, marinhando pelo morro; casas acavaladas, de paredes sujas; janelas onde não acenava a graça de uma cortina nem aparecia um busto de mulher; caras preocupadas, grossos troncos arfantes de homens de grande musculatura, e ruído brutal de veículos pesadões faziam daquele canto da sua cidade, uma cidade alheia, infernal, preocupada bestialmente pelo pão.
Assinale a alternativa correta sobre o fragmento.