Leia os fragmentos para responder a QUESTÃO
Texto I
Era o sertão vasto lamaçal. Com o clarear do dia, a chuva fina e insistente transformou-se em neblina, neblina de prata, escondendo os morros altos.
“Neblina na serra, chuva na terra” – pensou Vicente, que aí notou que estava encharcado, molhado da cabeça aos pés.
Já haviam descambado a serra, rompido mais de légua, chegavam às margens do córrego Gameleira. Não era o rio manso e cristalino de costume. Rolava águas barrentas, espumejando no meio da garrancheira. Atravessaram-no com água pelo peito. Do outro lado, estendia-se a mata ribeirinha, transformada em tijuco. O pé fincava-se no barro negro e peganhento, quando saía, lá ficava a botina. A gente tirava a botina da lama, calçava, dava novo passo e novamente os pés se prendiam no barro.
Fonte: ÉLIS, Bernardo. O tronco. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008, p. 260, (fragmento).
Texto II
Aquele também foi o último ano que VI. uma plantação extensa de arroz naquelas terras. O arroz, dependente de água, foi o primeiro a secar com a estiagem. Depois secaram a cana, as vagens de feijão, os umbuzeiros, os pés de tomates, quiabo e abóbora. Havia uma reserva de grãos guardada em casa e no galpão da fazenda. Com a seca, veio o medo de que nos mandassem embora por falta de trabalho. Depois veio o medo mais imediato da fome. (...).
Foi possível temperar os peixes enquanto havia umbu, que, junto com o sal, garantiu algum sabor à carne. Quando a farinha passou a rarear, meu pai recordou a receita do beiju de jatobá que Donana fazia. Havia vagens em abundância. Era uma árvore que resistia bem à falta d’água, frondosa, imponente, uma reserva de alimento de segunda linha, ignorada quando havia tudo o mais. Assim, comemos beiju de jatobá por meses, até enjoar.
Fonte: VIEIRA JUNIOR, Itamar. Torto arado. São Paulo: Todavia, 2019, p. 67-68, (fragmento).
Em relação ao modo como esses fragmentos dos romances de Bernardo Élis e Itamar Vieira Junior estão estruturados, é CORRETO afirmar que ambos trazem: