Leia os fragmentos do poema a seguir:
O Fotógrafo
Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
[...]
Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
[...]
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
[...]
A foto saiu legal.
(BARROS, Manoel de. O fotógrafo. In: _____. Meu quintal é maior do que o mundo. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2015, p. 115.)
Nesses versos identificamos um recurso linguístico muito utilizado na poesia de Manoel de Barros que consiste na: