Questão
Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro
2021
Fase Única
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Leia os fragmentos do romance Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende.

Um rumo vago. Que eu seguiria se quisesse. Talvez tenha sido o nome estranho do lugar que me despertou da letargia. Talvez tenha sido, sem que eu percebesse, a dor da outra mãe tomando lugar da minha, um alívio esquisito, uma distração, e eu quis, sim, sair por aí, à toa, por ruas que não conheço atrás do rastro borrado de alguém que nunca vi. (p.92)

Pela primeira vez, desde que começou essa minha migração forçada, tive vontade de chorar e fiquei um bom tempo com a cara virada pra fora, fungando, querendo esconder as lágrimas, fingindo que olhava pela janela, vendo vagamente passarem avenidas e prédios que não me diziam nada, uns com essa cara de luxo padronizado que se espalha igualmente de Dubai a Xangai passando até pelo “edifício mais alto do Brasil”, em João Pessoa, outros em construção ou abandonados, sei lá, com aspecto de ruína, tudo tão misturado que a gente fica sem saber se a cidade está nascendo ou morrendo, fui pensando à toa, até o vento da janela secar minhas lágrimas ou eu me lembrar das lágrimas da mãe de Cícero Araújo. (p. 99)

(REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.)

Acerca dos sentidos construídos pelas expressões utilizadas no primeiro fragmento, assinale a alternativa correta.
A
Os trechos “ruas que não conheço”’ e “alguém que nunca que vi” têm como ponto comum o contato com o estranho.
B
Os termos “letargia” e “dor” funcionam como sinônimos.
C
No trecho “tomando lugar da minha”, há uma supressão do termo “mãe”, utilizado anteriormente no período.
D
Os termos “estranho” e “esquisito” deixam de ter significado semelhante por qualificarem substantivos diferen- tes.
E
A expressão “rastro borrado” indica uma oscilação entre firmeza e hesitação.