Leia o poema abaixo, de Álvares de Azevedo (1831-1852):
Amor
Quand la mort est si belle,
Il est doux de mourir.
V. Hugo
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu ́alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minh’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!
AZEVEDO, Álvares de. Obra completa. (Org) Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
Uma interpretação plausível deste poema do livro Lira dos vinte anos apontaria as seguintes idéias:
I. O amor é tomado como o sentimento a ser vivido com toda a intensidade pelos amantes, condenados por ele a exaurirem todas as suas forças. Curiosamente, a vivência intensa do amor conduz a um estado de espírito equiparável à morte, conforme os dois últimos versos do poema. Paixão, amor e morte são temas caros à literatura romântica;
II. A morte é o ponto mais elevado de uma seqüência dramática que se inicia com desmaios, suspiros, tremores. É a idéia da morte a ocorrência mais radical da tendência à evasão, que marca a sensibilidade artística expressa na poesia romântica;
III. A descrição da mulher sugerida no poema segue o paradigma romântico, dado que o retrato feminino é composto por termos como palidez, ardentes prantos, languidez, anjo, donzela.
A seqüência correta é: