Leia o poema de Camilo Pessanha:
FLORIRAM POR ENGANO AS ROSAS BRAVAS
Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze... quanta flor!... do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
(PESSANHA, Camilo. Clépsida e outros poemas. Lisboa: Ática, 1969)
acrópole = s.f. a parte mais elevada das cidades gregas, que servia de cidadela (= fortaleza)
esparze (v. esparzir) = derramar, espalhar, espargir
Quanto ao poema, é correto afirmar: