Questão
Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR
2013
Fase Única
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Leia o poema Canto do regresso à pátria, de Oswald de Andrade.

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo

(Cadernos de poesia brasileira – Modernismo, 1995.)

O poema de Oswald de Andrade é uma paródia de Canção do exílio, poema de Gonçalves Dias, cujas primeiras estrofes são:

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

(Poesia romântica brasileira, vol. 2, 1965.)

Comparando-se os dois textos, é correto afirmar que o poema de Oswald de Andrade
A
aborda uma temática totalmente diferente daquela observada no poema de Gonçalves Dias, uma vez que exalta os benefícios que o progresso trouxe à cidade de São Paulo em comparação com as demais metrópoles brasileiras.
B
trata da mesma temática nacionalista que o poema de Gonçalves Dias, embora apresente uma visão mais crítica da história da pátria, o que se percebe na alusão à exploração das riquezas do território brasileiro.
C
apresenta a descrição idealizada da natureza brasileira, assim como o poema de Gonçalves Dias, mas com um tom saudosista, o que se nota no emprego de uma linguagem mais erudita e arcaica, com o termo passarinhos, em vez de aves, por exemplo.
D
reproduz um cenário idêntico ao representado no poema de Gonçalves Dias, em que se exalta a beleza da natureza virgem, que ainda não foi explorada pelo homem, o que se observa na presença de termos como ouro, terra e rosas.
E
retoma a temática do exílio, explorada no poema de Gonçalves Dias, mas por meio de uma perspectiva diferente, na medida em que a pátria, corrompida pelo progresso, já não é descrita como um lugar para o qual o eu lírico gostaria de voltar.