Leia o poema abaixo de Gregório de Matos.
Ao divino sacramento
Tremendo chego, meu Deus,
Ante vossa divindade,
que a fé é muito animosa,
mas a culpa mui cobarde.
(…)
Como comerei de um pão,
que me dais, porque me salve?
um pão, que a todos dá a vida,
e a mim temo, que me mate.
(...)
Quanto a que o sangue vos beba,
isso não, perdoai-me:
como quem tanto vos ama,
há de beber-vos o sangue?
Beber o sangue do amigo
é sinal de inimizade;
pois como quereis, que o beba,
para confirmarmos pazes?
Eu confuso neste caso
entre tais perplexidades
de salvar-me, ou de perder-me,
só sei, que importa salvar-me.
Oh! Se me déreis tal graça,
Que tendo culpas a mares,
Me virá salvar na tábua
De auxílios tão eficazes!
E pois já à mesa cheguei,
Onde é força alimentar-me
Deste manjar, de que os anjos
Fazem seus próprios manjares.
Os anjos, meu Deus, vos louve,
Que vossos arcanjos sabem,
E os santos todos da glória
Que o que vos devem vos paguem.
(Gregório de Matos)
A assinale a alternativa que melhor interpreta o poema.