Leia o poema Ovos da páscoa de Adélia Prado, e o fragmento do conto O ovo e a galinha de Clarice Lispector, para responder a QUESTÃO.
Ovos da páscoa
O ovo não cabe em si, túrgido de promessa,
a natureza morta palpitante.
Branco tão frágil guarda um sol ocluso,
o que vai viver, espera.
PRADO, Adélia. Bagagem. In: Poesia Reunida. São Paulo: Siciliano, 1991, p. 28.
O ovo e a galinha
“O ovo é uma exteriorização. Ter uma casca é dar-se. – O ovo desnuda a cozinha. Faz da mesa um plano inclinado. O ovo expõe – quem se aprofunda num ovo, quem vê mais do que a superfície do ovo, está querendo outra coisa: está com fome. O ovo é a alma da galinha. A galinha desajeitada. O ovo certo. A galinha assustada. O ovo certo. (...). O ovo nunca lutou. Ele é um dom. – O ovo é invisível a olho nu. De ovo a ovo chegase a Deus, que é invisível a olho nu. (...). Ovo é coisa que precisa tomar cuidado. Por isso a galinha é o disfarce do ovo. Para que o ovo atravesse os tempos a galinha existe”.
LISPECTOR, Clarice. O ovo e a galinha. In: Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, pp. 50-51 (fragmento).
Considerando-se o poema e o fragmento do conto apresentados, marque a alternativa CORRETA.