Questão
Universidade Federal do Pará - UFPA
2009
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Leia o poema XVIII, de O guardador de rebanhos Alberto Caeiro.

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos¹  à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...

CAEIRO, Alberto. O guardador de rebanhos. In: PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1969, p. 215.

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¹Choupo: árvore de madeira branca e macia.

Nos versos acima, o poeta
A
revela a sua angústia existencial, em uma linguagem rebuscada e culta, inspirando-se em fatos do seu dia-a-dia.
B
dirige-se à estrada, ao rio, aos choupos, comparando a paisagem do campo à paisagem alegre e movimentada da cidade.
C
expressa, com uma linguagem simples e objetiva, o seu desejo de existir sem pensar, apenas existindo, como o pó, o rio, as árvores, o animal
D
descreve a natureza à maneira dos poetas árcades, baseado em imagens da mitologia grega e na crença em um mistério presente em todas as coisas
E
utiliza temas filosóficos acerca dos mistérios da vida e das coisas do mundo, insistindo no rigor do vocabulário, da métrica e no uso exagerado de imagens.