Leia o poema “O hospital da Caatinga”, de João Cabral de Melo Neto:
“O poema trata a Caatinga de hospital
não porque esterilizado, sendo deserto;
não por essa ponta de símile que liga
deserto e hospital: seu nu asséptico.
(Os areais lençol, o madapolão areal,
os leitos duna, as dunas enfermaria,
que o timol do vento e o sol formol
vivem a desinfetar, de morte e vida.)
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O poema trata a Caatinga de hospital
pela ponta oposta do símile ambíguo;
por não deserta e, sim, superpovoada;
por se ligar a um hospital, mas nisso.
Na verdade, superpovoa esse hospital
para bicho, planta e tudo que subviva,
a melhor mostra de estilos de aleijão
que a vida para sobreviver se cria,
assim como dos outros estilos que ela,
a vida, vivida em condições de pouco,
monta, se não cria: com o esquelético
e o atrofiado, com o informe e o torto;
estilos de que a catingueira dá o estilo
com seu aleijão poliforme, imaginoso;
tantos estilos, que se toma o hospital
por uma clínica ortopédica, ele todo.”
(MELO NETO, J.C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2008, p.235)
Assinale a alternativa incorreta.