Leia o poema a seguir.
Com licença poética (Adélia Prado)
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida,é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.Eu sou.
Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/poesias/6622468. Acesso em: 11 nov. 2022.
Sobre Adélia Prado e o poema apresentado, é possível afirmar que:
I - a escritora critica o ser mulher na sociedade brasileira e evidencia as dificuldades que o gênero feminino costuma enfrentar;
II - a autora utiliza um tom de oralidade, marcado pela informalidade e pelo desejo de proximidade com o leitor. O eu- lírico se oferece ao leitor, entregando as suas qualidades e os seus defeitos sob a forma de verso;
III - à medida que se aproxima das mulheres comuns e dá voz a elas, a poeta apresenta um forte caráter feminista, mas não de luta, porque sua poesia não tem intenção de reclamar um lugar igualitário para as mulheres na sociedade.
É correto o que se afirma em