Questão
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais - IFNMG
2016
Fase Única
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Leia os poemas I e II, que se seguem:

I -



Disponível em:: https://www.google.com.br/search?q=poema+o+bicho&biw=1366&bih=667&tbm=isch&imgil=e3VdRP4cxZQcuM%253A%
253BIqqTZS7N0UlPSM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fportugues-na-sala-de-aula.blogspot.com.. Acessado em: 28 set. 2015.

II - O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1947

Disponível em: https://espacoluau.wordpress.com/2013/07/19/breve-reflexao-sobre-um-poema-de-manuel-bandeira/. Acesso em: 28 set. 2015.

Ao ler os poemas, numa relação de diálogo, SÓ NÃO É CORRETA, a seguinte opção: 
A
O poema I, por ser concreta e de caráter experimental e romper com o verso tradicional, ocupa-se apenas da leitura estética, por isso contrapôs a palavra lixo e luxo. Já o poema II, extrapola a função estética e propõe ao leitor a reflexão, o impacto, diante de uma realidade social que se pretende denunciar. 
B
O Poema I é representativo da poesia concreta, caracterizada pela exploração do espaço, rompimento com o verso tradicional, com possibilidades de várias leituras, como no caso, através da palavra luxo, disposta no papel, lê-se a palavra lixo. Essa crítica dialoga com o poema II, representativo do modernismo brasileiro. 
C
O poema II, de autoria de Manuel Bandeira, explora uma temática social, a questão da fome e a condição humana, de modo que o bicho homem apresenta-se rebaixado. Ao associar com o poema concretista de Augusto de Campos, que traz mesma temática, podemos inferir que a raiz do problema está na desigualdade social. 
D
A problemática da fome é intensificada nos versos "não examinava nem cheirava/Engolia com voracidade", ações próprias de um ser irracional. O impacto emocional que se pretende causar no leitor está nos versos seguintes quando o homem é reduzido a essa calamidade e rebaixado além do cão, do gato e do rato. Já o poema II, por ser concreta, busca a adesão do leitor pela percepção do visual. Cabe ao leitor produzir uma leitura contrastiva entre a palavra luxo e lixo, de modo a construir uma leitura estética e sociológica.