Leia o soneto de Cláudio Manuel da Costa para responder às questões.
Não há no mundo fé, não há lealdade;
Tudo é, ó Fábio, torpe hipocrisia;
Fingido trato, infame aleivosia¹
Rodeiam sempre a cândida amizade.
Veste o engano o aspecto da verdade,
Porque melhor o vício se avalia:
Porém do tempo a mísera porfia,
Duro fiscal, lhe mostra a falsidade.
Se talvez descobrir-se se procura
Esta de Amor fantástica aparência,
É como à luz do Sol a sombra escura:
Mas que muito², se mostra a experiência
Que da amizade a torre mais segura
Tem a base maior na dependência³!
(Domício Proença Filho (org.). A poesia dos inconfidentes, 1996.)
¹aleivosia: deslealdade.
²“Mas que muito”: esta expressão, recorrente em Cláudio Manuel da Costa,
significa aproximadamente “Mas que há de estranho?”.
³dependência: o sentido parece estar ligado aqui à ideia de “interesse”.
Em “Mas que muito, se mostra a experiência, / Que da amizade a torre mais segura / Tem a base maior na dependência!”(4ª estrofe), o núcleo do sujeito do verbo sublinhado é