Leia o soneto de Cláudio Manoel da Costa
Para cantar de amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é, que de compaixão sois animados:
Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.
Bem sei, que de outros gênios o Destino,
Para cingir de Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino:
O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um peregrino,
Se faz digno entre vós também de fama.
(COSTA, Cláudio Manuel da. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, p. 51)
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Anfião: poeta, filho de Zeus; Apolo lhe deu uma lira e lhe ensinou a tocar.
Orfeu: poeta e músico, filho de Apolo, encantava os animais e as pedras com seu canto.
trácio: aquele que nasceu na região da Trácia.
Apolo: filho de Zeus; deus da luz e do sol, da música, da poesia e das artes.
cingir: colocar em volta da cabeça.
de Apolo a verde rama: coroa de louros para os melhores poetas.
estro: veia poética.
Com base na leitura do poema, é verdadeiro afirmar