Questão
Universidade Federal do Pará - UFPA
2010
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Leia o soneto de Cláudio Manoel da Costa

Para cantar de amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é, que de compaixão sois animados:

Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.

Bem sei, que de outros gênios o Destino,
Para cingir de Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino:

O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um peregrino,
Se faz digno entre vós também de fama.

(COSTA, Cláudio Manuel da. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, p. 51)

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Anfião: poeta, filho de Zeus; Apolo lhe deu uma lira e lhe ensinou a tocar.

Orfeu: poeta e músico, filho de Apolo, encantava os animais e as pedras com seu canto.

trácio: aquele que nasceu na região da Trácia.

Apolo: filho de Zeus; deus da luz e do sol, da música, da poesia e das artes.

cingir: colocar em volta da cabeça. 

de Apolo a verde rama: coroa de louros para os melhores poetas.

estro: veia poética.

Com base na leitura do poema, é verdadeiro afirmar
A
Os deuses, invocados no poema, reúnem-se  para inspirar o poeta peregrino que não se considera digno de seu ofício. 
B
Tendo os montes como confidentes, o poeta, ao evocar figuras da mitologia grega, declara o valor de seus próprios versos.
C
No poema todo, o pastor descreve nostalgicamente as paisagens que o rodeiam, relembrando os dias felizes da sua infância.
D
Os instrumentos do canto do poeta, encontrados nos montes da Arcádia,  acompanham os lamentos fúnebres de um amor que se findou.
E
Por onde passa, o poeta lança seu canto aos quatro ventos, implorando a Apolo, deus da música, que tenha compaixão e vele pelo seu destino.