Leia o soneto de Luís de Camões para responder à questão
Como quando do mar tempestuoso
O marinheiro, lasso e trabalhado¹,
Dum naufrágio cruel já salvo a nado,
Só ouvir falar nele o faz medroso,
E jura que, em que² veja bonançoso³
O violento mar, e sossegado,
Não entre nele mais, mas vai forçado
Pelo muito interesse cobiçoso,
Assim, senhora, eu, que da tormenta
De vossa vista fujo, por salvar-me,
Jurando de não mais em outra ver-me,
Minha alma, que de vós nunca se ausenta,
Dá-me por preço ver-vos⁴, faz tornar-me
Donde fugi tão perto de perder-me
(20 Sonetos, 2020. Adaptado.)
¹ lasso e trabalhado: cansado e experiente.
² em que: ainda que.
³ bonançoso: calmo.
⁴ Dá-me por preço ver-vos: obriga-me que a veja.
No soneto, o eu lírico compara-se