Questão
Faculdade de Medicina de Jundiaí - FMJ
2016
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Leia o soneto do poeta português Bocage.

Fiei-me nos sorrisos da Ventura,
Em mimos feminis. Como fui louco!
Vi raiar o prazer; porém tão pouco
Momentâneo relâmpago não dura.

No meio agora desta selva escura,
Dentro deste penedo úmido e oco,
Pareço, até no tom lúgubre¹ e rouco,
Triste sombra a carpir na sepultura.

Que estância para mim tão própria é esta!
Causais-me um doce e fúnebre transporte,
Áridos matos, lôbrega² floresta!

Ah!, não me roubou tudo a negra Sorte:
Inda tenho este abrigo, inda me resta
O pranto, a queixa, a solidão e a morte.

(Marisa Lajolo e Ricardo Maranhão. Literatura comentada: Bocage, 1988.)

¹lúgubre: triste, tétrico.

²lôbrego: sombrio, tenebroso.

Interpretando o soneto, é correto concluir que o eu lírico
A
se lamenta por estar confinado em um lugar cuja beleza e exuberância contrastam com sua angústia interior.
B
considera que a sorte lhe negou, propositadamente, qualquer possibilidade de alegria ou de conforto para sua alma.
C
se vê acolhido nesse ambiente triste e melancólico em que pode vivenciar a dor, a solidão e a espera pela morte.
D
decide isolar-se em uma caverna em protesto à vida de aparência e ostentação própria dos centros urbanos.
E
exprime seu sentimento de culpa e de infelicidade pelos sofrimentos causados, involuntariamente, à mulher amada.