Leia o soneto “A ronda noturna”, de Olavo Bilac.
Lá fora. Dorme em trevas o convento.
Queda¹ imoto² o arvoredo. Não fulgura
Uma estrela no torvo firmamento.
Dentro é tudo mudez. Flebil³ murmura,
De espaço a espaço, entanto, a voz do vento
E há um rasgar de sudários⁴ pela altura,
Passo de espectros pelo pavimento...
Mas, de súbito, os gonzos⁵ das pesadas
Portas rangem... Ecoa surdamente
Leve rumor de vozes abafadas.
E, ao clarão de uma lâmpada tremente,
Do claustro sob as tácitas arcadas
Passa a ronda noturna, lentamente...
(Melhores poemas, 2003.)
¹ quedar: estar quedo, quieto.
² imoto: sem movimento; imóvel.
³ flebil: sem força ou vigor; débil, enfraquecido.
⁴ sudário: pano com que antigamente se limpava o suor.
⁵ gonzo: dobradiça.
Uma característica do Parnasianismo bastante evidente nesse soneto é