Leia o soneto a seguir (Texto III), de Gregório de Matos.
O poeta descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem freqüentado olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
(MATOS,Gregório de . Antologia. POA: LPM, p. 35)
No verso “Em cada porta um bem freqüentado olheiro”, pode-se dizer que o poeta apresenta um tom: