Leia o texto de Antônio Prata para responder à questão.
O bem mais valioso de nossa época não é o diamante nem o petróleo: é o tempo. Obedecendo à lei da oferta e da procura, quanto mais escasso ele fica, mais caro nos é. A seca temporal é geral: eu não tenho tempo, você não tem tempo, o empresário Eike Batista não tem tempo, o cara que está vendendo bala no farol, em agônica marcha atlética para recolher os saquinhos dos retrovisores, antes que abra o sinal, também não tem.
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Há quem diga que a culpa é da melhora das comunicações e, consequentemente, da maior agilidade no envio de dados. Com a informação viajando tão rápido, desaprendemos a arte da espera. Antigamente, aguardar era normal. Estávamos sem-
pre esperando alguma coisa chegar. Uma carta, pelo correio. Um disco, do exterior. Uma foto, um texto ou um documento, via portador. Esses hiatos eram tidos como normais, uma brecha saudável, pausa para o café, a prosa, o devaneio, a conversa na janela, a morte da bezerra. Hoje, não. Tá tudo aqui, e, se não está, nos afligimos.
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Enquanto não descobrimos a cura para este mal, a única saída é aprender a lidar com ele. Há que cercar com muros altos certas horas do relógio, para que nada as possa roubar de nós. Fazer diques de pedra em torno da hora de ficar com nosso
amor, da hora de trabalhar no projeto pessoal, da hora do esporte, de ler um livro, encontrar um amigo. Mesmo assim, vira e mexe, vêm as obrigações, como um tsunami, ou os eventos sociais, como meteoros, e derrubam as barragens. Não há nada a fazer, senão reconstruir os muros, ainda mais fortes do que antes.
(http://antonioprata.folha.blog.uol.com.br. Adaptado.)
A partir da leitura do texto, pode-se concluir que