Leia o texto Cinco ciprestes, vezes dois, de Marina Colasanti, para responder às questão
Cinco ciprestes, vezes dois
Não era um homem rico. Nem era um home pobre. Era um homem, apenas. E este homem teve um sonho.
Sonhou que um pássaro pousava em sua janela e lhe dizia:
“Há um tesouro esperando por você na cidade dos cinco ciprestes”. Mas, quando o homem abriu a boca para perguntar que cidade era essa, espantou o pássaro e o sonho. E despertou.
Durante dias indagou de quantos encontrava se sabiam alguma coisa a respeito de uma cidade com cinco ciprestes, sem que ninguém tivesse o que lhe responder. Então, como se ainda ouvisse a fala clara do pássaro, vendeu seus poucos bens, botou o dinheiro numa sacola de couro que pendurou no pescoço e, montando no seu cavalo, partiu.
Escolheu a direção do sol poente, dizendo para si que, enquanto andasse junto com o Sol, os dias durariam mais, e ele teria mais tempo para procurar. E junto com o Sol subiu montanhas atravessou planícies, varou lagos rios.
Da cidade, nem sinal.
Mas ele tinha sonhado com o pássaro, e continuou a procurar. E ei que um dia, quando o sol começava a acariciarlhe as costas, viu lá longe, erguendo-se como torres na bruma do horizonte, as negras silhuetas de cinco ciprestes.
Sob o puxão involuntário das rédeas, o cavalo estremeceu. Porém, logo esporeado, pôs-se a galopar. E galoparam, galoparam, galoparam.
Espumava o cavalo, suava o homem, quando afinal chegara à primeira casa. E estando o homem tão cansado, já no final do dia, pareceu-lhe melhor beber a água daquele poço, deitar-se à sombra daquela árvore, para só no dia seguinte, descansado, procurar o tesouro que lhe pertencia.
E assim fez. Adormecendo em seguida.
Dormiu tão profundamente que despertou quando um outro cavaleiro chegou, apeou e aproximou-se dele. Tão profundamente que nem sentiu quando este tocou na bolsa de couro que trazia ao pescoço, ainda cheia de dinheiro. E adormecido assim, como poderia perceber que se tratava de temível bandido?
Nada percebeu. Nem sequer quando outro puxou da espada e, segurando-a por um instante no alto, com as duas mãos baixou-a súbito, decepando-lhe a cabeça.
Quase sorrindo, o salteador abriu a bolsa, contou o dinheiro. Depois, deixando aos cães o corpo ensanguentado, agarrou a cabeça pelos cabelos e atirou-a no poço.
E no poço a cabeça foi afundando lentamente. Até chegar ao fundo. Onde os olhos abertos já não podem ver o cofre apodrecido, de cujas frestas joias e moedas escapavam, perdendo-se na escuridão esverdeada.
Mas um conto é apenas um conto, que eu conto, reconto e transformo em outro conto.
Não era um homem rico. Nem era um homem pobre. Era apenas um homem. E este homem teve um sonho.
Sonhou que um pássaro pousava em sua janela e lhe dizia: [...]
COLASANTI, Marina. Entre a espada e a rosa. São Paulo: Melhoramentos, 2009.
Identifique a alternativa que apresenta “que” introduzindo oração com o valor e a função próprios do adjetivo.