Questão
Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro
2014
Fase Única
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Leia o texto

 


A Organização Mundial da Saúde aposta que em 2030 a depressão já será a doença mais comum do mundo, à frente de problemas cardíacos e câncer. Vivemos uma espécie de epidemia de mal-estar: há mais pessoas deprimidas do que nunca. Ironicamente, justo em uma época em que a busca pela felicidade é algo quase obrigatório. Você conhece alguém que não queira ser feliz? Soa bizarro e anacrônico. Nosso estilo de vida gera angústia e tristeza – que podem levar à depressão. É grave, ficamos vulneráveis a ela, com o risco maior de cair no abismo: passar a barreira dos sintomas leve se entrar numa depressão profunda. É como se a vida fosse uma calçada esburacada – nem todo mundo que tropeça caie se arrebenta. Dá para controlar a queda, se segurar etc. Mas quem desaba no chão corre o risco de não se levantar mais: 15% das pessoas com depressão grave comentem suicídio. O medo da depressão e a busca incessante por felicidade fizeram muita gente fugir da tristeza como se ela fosse uma peste dos nossos tempos. Quem quer ter isso? Quem quer ficar perto de alguém que tem? Isso impulsionou o desenvolvimento de remédios com efeitos colaterais cada vez menos nocivos. Mas também levou a uma certa banalização. Tanya Luhrmann, antropóloga especializada em psicologia da Universidade Stanford, nos EUA, acha que há um clima de exagero. “Estou certa de que nós damos muito remédio às pessoas e que tristeza comum é tratada com medicação”, diz. Saber a diferença entre tristeza e depressão é essencial. “A tristeza tem motivos, a depressão não tem motivo nenhum”, explica o psicanalista Mário Corso. Na tristeza, choramos pela morte de alguém. Ficamos tristes, mas a dor passa, por mais que a saudade não. Na depressão, a dor não passa. A pessoa não sente mais prazer em nada. E foi nessa zona cinzenta de desinformação que nasceu a farra das farmácias. A busca por um comprimido mágico que promete milagres, transformando dor em felicidade, levou muita gente a desaprender a lidar com a tristeza. Vamos deixar claro uma coisa: nem toda tristeza é ruim. Muitas fazem parte desse jogo em que você entra no momento em que nasce. Ficar sem presente no Natal, sofrer pelo galã da escola, ser reprovado no vestibular, perder um emprego, levar um pé na bunda, brigar com um amigo, encarar a morte de alguém e tantas outras mais fazem parte da vida. Todo mundo lida com elas, em maior ou menor escala. A crise nos obriga a sair da zona de conforto e abre o caminho para avaliarmos a vida por novos ângulos e tomar rumos diferentes.

(Adaptado de: CASTRO, C. Como lidar com a tristeza. Superinteressante. 319.ed., jun. 2013. São Paulo: Ed. Abril, p.44-54.)

A respeito do texto, assinale a alternativa correta.
A
Objetiva apresentar a indústria farmacêutica como oportunista e manipuladora dos indivíduos.
B
Objetiva revelar que a automedicação é um grave problema social no país atualmente.
C
Pretende desmistificar a questão do uso de medicamentos para depressão e de estabilizadores de humor.
D
Pretende alertar a população sobre a intervenção medicamentosa desnecessária e incontrolável na atualidade.
E
Tem a intenção de discutir propostas sociais para viabilizar o controle da farra das farmácias.