Leia o seguinte texto:
Texto I
O doador de memórias
Dany Haas
Sinopse: Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal, onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína. Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes. Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre, pouco a pouco, o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.
O doador de memórias é uma história interessantíssima sobre um mundo distópico onde os homens foram modificando a sociedade e o planeta em si para se enquadrar em um modelo de perfeição. Não há livre arbítrio, não há escolhas. Tudo é definido e aceito, sem questionamentos ou animosidades, uma vez que também não existem sentimentos.
Isso mesmo, o ser humano tornou-se praticamente um robô, que desconhece o significado de amor, família, paixão, impulsos e desejos. Na adolescência, quando começam a sentir atração física, passam a receber uma medicação diária contra “Atiçamento”, que coíbe esses impulsos até o fim de suas vidas. Não ficou claro na história, mas acredito que sexo seja algo inexistente nessa sociedade, que recebe filhos em cerimônias, e estes são gerados por mulheres que na cerimônia dos Doze adquiriram a atribuição de “mães biológicas”. Sim, bizarro, eu sei. Esses bebês são nutridos e cuidados por Criadores, que tomam conta das crianças até que tenham se desenvolvido e encaminhados a núcleos familiares.
Tudo nessa sociedade tem um momento exato para acontecer e uma regra a ser seguida. Meninas pequenas precisam usar fitas nos cabelos até que passem pela cerimônia de Sete, e bicicletas são entregues a todas as crianças na cerimônia de Nove. Cada novo ano é marcado por algo novo em suas vidas, até o Doze, quando entram para o treinamento de suas atribuições. Não existe idade ou aniversários, todos os nascidos em um determinado ano passam a partilhar do número um e todo dezembro acrescem mais um ao seu número.
Jonas é logo informado de que seu trabalho envolve dor, porém ele não imaginava quanta. É doloroso para ele vivenciar cada uma das memórias que lhe são transferidas pelo Doador de Memórias, até então, Guardião de todas as memórias do mundo Antes. O menino descobre vida, cores, aromas, violência, definições, animais, sentimentos e uma infinidade de coisas que foram extintas da sociedade para se alcançar um mundo perfeito. Mas, além da dor e fascinação, Jonas também passa a questionar os valores da comunidade atual, e deseja uma vida como era antes. Como novo Guardião de Memórias, Jonas pode ter o poder de modificar o que ninguém antes conseguiu, e embarca em uma jornada de descobertas e sacrifícios.
A premissa do livro é maravilhosa e me encantou desde o começo. Lois Lowry criou um mundo distópico muito interessante, repleto de críticas e que nos faz pensar muito sobre o valor das coisas. Entretanto, senti falta de um maior aprofundamento da história, especialmente na parte final, em que acabei permanecendo com vários questionamentos ao fim da obra por ter se mantido muito unilateral.
O Doador de Memórias foi primeiramente publicado em 1991 e faz parte de uma série que conta com quatro volumes, mas, pelo que entendi das sinopses que encontrei, as histórias são independentes e cada uma apresenta um mundo futurístico com características diferentes, que se unem no volume 4, que encerra a série. Acredito que neste volume meus questionamentos serão respondidos, afinal, é uma premissa muito boa e a série já foi amplamente premiada lá fora.
O livro é de fácil e rápida leitura, tendo uma editoração leve, com espaçamento duplo e margens largas, o que o deixa mais fluido. Li o exemplar inteiro em cerca de duas horas. As páginas são amareladas e a capa dispensa comentários, já que o pôster do filme ficou lindíssimo. Agora, estou ansiosa para assistir à adaptação que promete ser uma superprodução, e também de ler o restante dos títulos da série, para saber como estas histórias tão diferentes irão culminar em um grand finale.
HAAS, Dany. O doador de memórias [Resenha]. Disponível em: <http://www.recantodami.com/2014/09/resenha-o-doador-dememorias. html>. Acesso em: 16 ago 2014. (Adaptado)
Como a autora tenta convencer seus leitores a ler o livro O doador de memórias?