Leia o texto, que contextualiza o Brasil no início do século XIX.
“A saída de José Bonifácio do Ministério foi seguida por uma onda de radicalismo antilusitano que atingiu seu ápice nos episódios que resultaram na dissolução da Constituinte. A campanha andradista através dos jornais e da Assembleia empurrou D. Pedro ainda mais para os brancos e portugueses. Pode-se dizer que a política dos irmãos, principalmente dos dois mais novos, ajudou a radicalizar a posição de D. Pedro. A insatisfação dos ricos comerciantes e proprietários portugueses e dos políticos liberais, também portugueses, que tinham permanecido no Brasil com o governo de José Bonifácio, encontrou apoio nos interesses das pessoas próximas ao imperador e que sobre ele tinham grandes influências. D. Pedro prometera dar ao país uma Constituição duas vezes mais liberal do que a que estava sendo feita. De fato, segundo Macaulay, ele proporcionou uma Carta invulgar, sob a qual o Brasil salvaguardou por mais de sessenta e cinco anos os direitos básicos dos cidadãos de maneira melhor “do que qualquer outra nação do hemisfério ocidental, com a possível exceção dos Estados Unidos”. A Carta era extremamente liberal em matéria de religião, pois permitia as congregações de judeus e outras comunidades não cristãs, manter seus locais de culto. Para debelar os temores de que D. Pedro pudesse assinar algum tratado que prejudicasse a independência dos país, a Constituição proibia especificamente a união do Brasil com qualquer outra nação. Adepto de Benjamin Constant, D. Pedro achava que o sistema de separação de poderes requeria um árbitro”.
(LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I: um herói sem nenhum caráter. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. P.176)
A problemática política da qual o texto trata teve seu desfecho, na história brasileira, no início do século XIX, a partir da institucionalização do poder