Questão
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL
2011
Fase Única
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Leia o texto a seguir para responder a questão.

Inimigos

O apelido de Maria Teresa, para Norberto, era “Quequinha”.

Depois do casamento, sempre que queria contar para os outros uma da sua mulher, o Norberto pegava sua mão, carinhosamente, e começava:

– Pois a Quequinha...

E a Quequinha, dengosa, protestava:

– Ora, Beto!

Com o passar do tempo, o Norberto deixou de chamar a Maria Teresa de Quequinha. Se ela estivesse ao seu lado e quisesse se referir a ela, dizia:

– A mulher aqui...

Ou, às vezes:

– Esta mulherzinha...

Mas nunca mais de Quequinha.

(O tempo... O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. Este ataca em silêncio. Ele usa armas químicas.)

Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por “Ela”.

– Ela odeia o Charles Bronson.

– Ah, não gosto mesmo.

Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava um vago gesto de mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer “essa aí” e apontar com o queixo.

– Essa aí...

E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém.

(O tempo, o tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois a outra...)

Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem olha na sua direção. Faz um meneio de lado com a cabeça e diz:

– Aquilo...

(Luís Fernando Veríssimo)

Com base na leitura do texto, pode-se afirmar que
A
o diminutivo em Quequinha tem o mesmo valor semântico que o empregado em mulherzinha.
B
o diminutivo e o aumentativo, em português, referem-se invariavelmente a “tamanho, dimensão”.
C
o diminutivo mulherzinha tem o mesmo valor semântico que o diminutivo na frase Que garotinho lindo!
D
há um processo de depreciação quando Norberto emprega o demonstrativo Aquilo para se referir à mulher.
E
na expressão A mulher aqui, o substantivo mulher foi empregado, no contexto, em oposição a marido.