Leia o texto a seguir:
No contexto histórico, o realismo mágico surgiu num dos períodos mais conturbados da América Latina. Entre as décadas de 1960 e 1970, os países latino-americanos viviam a instalação de regimes de governo marcadamente ditatoriais. O realismo surge como uma forma de reação, utilizando o elemento mágico como reforço das palavras contrárias aos regimes dos ditadores, tentando driblar a censura comum a esses regimes. Foi uma maneira de reagir por meio da palavra. Por mais fantástico que possa parecer, há história aqui, e esse gênero não é o fantástico puro da literatura europeia, mas um realismo mágico, um gênero literário específico. Se é verdade, como afirma Tavares (2003, p. 13), que “o fantástico surge quando algo se rompe e começam a acontecer coisas que não podiam ter acontecido, no sentido de que não podíamos ter permitido que acontecessem de forma alguma”, que relação pode ser feita entre a instalação das ditaduras e seus dispositivos de terror e a capacidade de resistência a esses regimes? É possível dizer que se descobriu, na narrativa fantástica, uma espécie de redenção: a capacidade de elaborar uma versão de um presente/passado traumático pelo desejo profundo de falar de liberdade sob uma ditadura.
Gretha Leite Maia, “Alumbrar-se: Realismo Mágico e resistência às ditaduras da América Latina”. ANAMORPHOSIS – Revista Internacional de Direito e Literatura, v. 2, n. 2, p. 371-388
Sobre o realismo mágico, de acordo com o texto, é correto afirmar que