Leia o texto a seguir, da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie:
O Perigo de uma História Única
É impossível falar sobre a história única sem falar sobre poder. Existe uma palavra em igbo na qual sempre penso quando considero as estruturas de poder no mundo: nkali. É um substantivo que, em tradução livre, quer dizer “ser maior do que outro”. Assim como o mundo econômico e político, as histórias também são definidas pelo princípio de nkali: como elas são contadas, quem as conta, quando são contadas e quantas são contadas depende muito de poder. O poder é a habilidade não apenas de contar a história de outra pessoa, mas de fazer que ela seja sua história definitiva. O poeta palestino Mourid Barghouti escreveu que, se você quiser espoliar um povo, a maneira mais simples é contar a história dele e começar com “em segundo lugar”. Comece a história com as flechas dos indígenas americanos, e não com a chegada dos britânicos, e a história será completamente diferente.
Adichie, C. N. O Perigo de uma História Única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 12.
Nesse trecho, baseado em um famoso Ted Talk de Chimamanda Adichie (2009), a escritora discorre sobre a força que narrar a História a partir de uma posição de poder tem e como isso pode gerar uma imagem subalternizada e negativa das pessoas e das sociedades que não possuem esse mesmo poder. Com base nessas afirmações, discorra sobre como a “História Única” afeta a escrita histórica sobre a África, mencionando duas situações históricas que expliquem sua resposta.