Leia o texto a seguir.
Estava na primeira página: “O ESCANDALOSO ABANDONO DA BARRA”. Descompostura em regra, em Alfredo Bastos, “deputado estadual eleito pelo povo de Ilhéus para defender os sagrados interesses da região cacaueira” e cuja “eloquência franzina só se fazia ouvir para celebrar os atos do governo, parlamentar do muito bem e do apoiado!”, um compadre do coronel Ramiro, “inútil mediocridade, servilismo exemplar ao cacique, ao manda-chuva”, culpando os políticos no poder pelo abandono da barra de Ilhéus. “O maior e mais premente problema da região, que significará riqueza e civilização ou atraso e miséria, o problema da barra de Ilhéus, ou seja, o magno problema da exportação direta do cacau” que não existia para os que haviam “em circunstâncias especiais, abocanhado os postos de mando”. E por aí vinha, terminando numa evidente alusão a Mundinho, ao lembrar que, no entanto, “homens de elevado sentimento cívico, estavam dispostos, ante o criminoso desinteresse das autoridades municipais, a tomar o problema em suas mãos e a resolvê-lo”.
(Adaptado de: AMADO, J. Gabriela, cravo e canela: crônica de uma cidade do interior. São Paulo: Record, 1978. p.136-137.)
Caio Prado Jr., em seu livro Formação do Brasil Contemporâneo, publicado em 1942, defendia a tese de que a origem do atraso da nação brasileira está vinculada ao tipo de colonização. O texto citado, do escritor Jorge Amado, é referente a uma notícia do jornal de Ilhéus, em que a oposição da cidade contesta os líderes políticos do local, sobre o descaso para com o porto da cidade.
a) Identifique e explique o tipo de economia vivida à época pelo País (década de 1920), ilustrado no texto.
b) Aponte três características de relações de poder formadas no País que aparecem descritas no trecho citado.