Leia o texto a seguir.
Bloco racista, nota destoante
Conduzindo cartazes onde se liam inscrições tais como: “Mundo Negro”; “Black Power”; “Negros para você” etc., o bloco “Ile Aiyê”, apelidado de “Bloco do racismo”, proporcionou um feio espetáculo neste carnaval. Além da imprópria exploração do tema e da imitação norte-americana, revelando uma enorme falta de imaginação, uma vez que em nosso país existe uma infinidade de motivos a serem explorados, os integrantes do Ile Ayiê – todos de cor – chegaram até à gozação dos brancos e das demais pessoas que os observavam do palanque oficial. [...] Não temos, felizmente, problema racial. Esta é uma das grandes felicidades do povo brasileiro. A harmonia que reina entre as parcelas da população proveniente das diferentes etnias constitui, está claro, um dos motivos de inconformidade dos agentes de irritação que bem que gostariam de somar aos propósitos da luta de classes o espetáculo da luta de raças. Mas, isso no Brasil eles não conseguem. E sempre que põem o rabo de fora denunciam a origem ideológica a quem estão ligados. É muito difícil que aconteça diferentemente com esses mocinhos do Ile Aiyê.
Jornal A Tarde, 13 de fevereiro de 1975, Salvador, p. 3.
Com base no texto acima, relacionado à luta contra o racismo e à organização de movimentos sociais da população negra ao longo da história, é correto afirmar que:
01. a promulgação da Lei Afonso Arinos, de 1951, que tornava as práticas resultantes de preconceitos de raça ou de cor contravenção penal, resultou no fim da desigualdade racial no Brasil.
02. a luta do movimento negro nos EUA contra as práticas racistas enraizadas na sociedade americana ganhou fôlego em meados da década de 1950, após Rosa Parks, uma jovem negra, ter sido presa por não ceder seu assento no ônibus a um homem branco.
04. segundo o texto, o ativismo pelos direitos civis da população negra nos Estados Unidos expresso nas manifestações de grupos como os Black Power e os Panteras Negras foi irrelevante para o movimento negro brasileiro na década de 1970.
08. o pressuposto da democracia racial, difundido desde a década de 1930 e retomado durante a Ditadura Militar, contribuiu para a criação da ideia de que no Brasil o racismo se apresentava de forma branda, graças à miscigenação.
16. enquanto a escravidão esteve vigente no Brasil, os dispositivos de controle dos escravizados impediram que os negros se organizassem coletivamente e criassem estratégias de luta e resistência contra o regime escravocrata e contra as práticas racistas.
32. a roda de capoeira, hoje reconhecida como patrimônio cultural imaterial da humanidade, foi proibida e criminalizada durante a Primeira República, assim como outras práticas culturais afro-brasileiras.