Leia os textos abaixo.
Texto 1
Senhora Dona Bahia,
nobre, e opulenta cidade,
madrasta dos Naturais,
e dos Estrangeiros madre.
(...)
Entra pela barra dentro,
dá fundo, e logo a entonar-se
começa a bordo da Nau
cum vestidinho flamante.
Salta em terra, toma casas,
arma a botica dos trastes,
em casa come Baleia,
na rua entoja manjares.
Vendendo gato por lebre,
antes que quatro anos passem,
já tem tantos mil cruzados,
segundo afirmam Pasguates.
Começam a olhar para ele
os Pais, que já querem dar-lhe
Filha, e dote, porque querem
homem, que coma, e não gaste.
(Gregório de Matos, Poemas Escolhidos)
Texto 2
E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal, sempre em mangas de camisa, de tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça, apoderando-se, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não podia apoderar-se logo com as unhas.
(Aluísio Azevedo, O Cortiço)
Considerando os dois textos, são feitas as seguintes afirmações.
I. Tanto no poema quanto no excerto, observa-se uma descrição objetiva seja da Bahia, seja de João Romão.
II. A visão crítica tanto do eu lírico do poema quanto a do narrador de O cortiço manifesta uma perspectiva naturalista, na medida em que os homens são descritos pela cobiça que os motiva.
III. Tanto Gregório de Matos quanto Aluísio Azevedo manifestam habilidade linguística para elaborar tipos sociais; no primeiro caso, pela descrição narrativa de como se comporta o estrangeiro; no segundo caso, pela descrição física do personagem.
Assinale a alternativa correta.