Leia o trecho do romance O sertanejo, de José de Alencar para responder à questão.
Aí campeia o destemido vaqueiro cearense, que à unha de cavalo acossa¹ o touro indômito no cerrado mais espesso, e o derriba pela cauda com admirável destreza.
Aí, ao morrer do dia, reboa² entre os mugidos das reses, a voz saudosa e plangente do rapaz que aboia³ o gado para o recolher aos currais no tempo da ferra.
Quando te tornarei a ver, sertão da minha terra, que atravessei há muitos anos na aurora serena e feliz de minha infância?
Quando tornarei a respirar tuas auras impregnadas de perfumes agrestes, nas quais o homem comunga a seiva dessa natureza possante?
De dia em dia aquelas remotas regiões vão perdendo a primitiva rudeza, que tamanho encanto lhes infundia.
A civilização que penetra pelo interior corta os campos de estradas, e semeia pelo vastíssimo deserto as casas e mais tarde as povoações.
Não era assim no fim do século passado, quando apenas se encontravam de longe em longe extensas fazendas, as quais ocupavam todo o espaço entre as raras freguesias espalhadas pelo interior da província.
Então o viajante tinha de atravessar grandes distâncias sem encontrar habitação, que lhe servisse de pousada; por isso, a não ser algum afoito sertanejo à escoteira, era obrigado a munir-se de todas as provisões necessárias tanto à comodidade como à segurança.
(O sertanejo, s/d.)
¹acossar: perseguir.
²reboar: ecoar, ressoar, reverberar.
³aboiar: cantar à frente do gado para o guiar ou juntar o que anda disperso.
Pode-se enquadrar o texto dentro da estética