Leia o trecho a seguir, de Machado de Assis. Trata-se da parte final do conto Noite de Almirante. Deolindo saíra a trabalho em viagem marítima, deixando em terra Genoveva. Ambos haviam feito jura de fidelidade. Ao voltar, Deolindo encontra sua amada já morando com outro. Após o momento inicial de ira e desespero, seus ânimos arrefecem.
— Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o que ele me disse agora?
— Que foi?
— Que vai matar-se.
— Jesus!
— Qual o quê! Não se mata não. Deolindo é assim mesmo; diz as cousas, mas não faz. Você verá que não se mata. Coitado, são ciúmes. Mas os brincos são muito engraçados.
— Eu aqui ainda não vi destes.
— Nem eu, concordou Genoveva, examinando-os à luz. Depois guardou-os e convidou a outra a coser.
— Vamos coser um bocadinho, quero acabar o meu corpinho azul...
A verdade é que o marinheiro não se matou. No dia seguinte, alguns dos companheiros bateram-lhe no ombro, cumprimentando-o pela noite de almirante, e pediram-lhe notícias de Genoveva, se estava mais bonita, se chorara muito na ausência, etc. Ele respondia a tudo com um sorriso satisfeito e discreto, um sorriso de pessoa que viveu uma grande noite. Parece que teve vergonha da realidade e preferiu mentir.
A desilusão amorosa de Deolindo aparece, no final do texto, sob a forma de