Leia os trechos do poema Morte e vida severina.
[...] E se somos Severinos /iguais em tudo e na vida,/morremos de morte igual/mesma morte Severina:/que é a morte de que se morre/ de velhice antes dos trinta) de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia/ (de fraqueza e de doença/ é que a morte severina / ataca em qualquer idade,/ e até gente não nascida.
[...] é difícil defender/só com palavras, a vida,/ ainda mais quando ela é/esta que se vê, severina;/ mas se responder não pude/ à pergunta que fazia,/ ela, a vida, a respondeu/ com sua presença viva./ E não há melhor resposta/ que o espetáculo da vida:/ vê-la desfiar seu fio,/ que também se chama vida,/ ver a fábrica que ela mesma,/ teimosamente, se fabrica,/ vê-la brotar como há pouco/ em nova vida explodida;/ mesmo quando é assim pequena) a explosão, como a ocorrida;/ mesmo quando é uma explosão/ como a de há pouco franzina;/ mesmo quando é a explosão/ de uma vida severina."
Fonte: MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina: e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007
Nas duas passagens do poema, fica evidente a ênfase dada à morte e depois à vida, característica que se repetirá alternadamente ao longo do poema. Dadas essas duas dimensões da existência, morte e vida, indique a relação entre ambas, do ponto de vista filosófico.