Questão
Universidade Federal do Pará - UFPA
2009
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Leia as três últimas estrofes do Canto III, de Os Lusíadas.

133 

Bem puderas, ó Sol, da vista destes, 
Teus raios apartar aquele dia, 
Como da seva mesa de Tiestes, 
Quando os filhos por mão de Atreu comia! 
Vós, ó côncavos vales, que pudestes 
A voz extrema ouvir da boca fria, 
O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes, 
Por muito grande espaço repetistes. 

134 

Assi como a bonina, que cortada 
Antes do tempo foi, cândida e bela, 
Sendo das mãos lacivas maltratada 
Da minina que a trouxe na capela, 
O cheiro traz perdido e a cor murchada: 
Tal está, morta, a pálida donzela, 
Secas do rosto as rosas e perdida 
A branca e viva cor, co a doce vida. 

135 

As filhas do Mondego a morte escura 
Longo tempo chorando memoraram, 
E, por memória eterna, em fonte pura 
As lágrimas choradas transformaram. 
O nome lhe puseram, que inda dura, 
Dos amores de Inês, que ali passaram. 
Vede que fresca fonte rega as flores, 
Que lágrimas são a água e o nome Amores. 

(CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. São Paulo: Círculo do Livro LTDA, 1995, p. 124-125.) 

Sabendo-se que o episódio de Inês de Castro se caracteriza, dentro da epopéia camoniana, por um intenso lirismo, é correto dizer que, no fim do episódio, 
A
Inês foi assassinada brutalmente, enquanto a natureza permanecia fria e indiferente à grande tragédia. 
B
na hora da morte de Inês de Castro,o sol desapareceu e um temporal desabou, anunciando a morte da donzela.
C
a natureza personificada, testemunha do vil assassinato, silenciou por longo tempo como se rezasse pela alma de Inês. 
D
apesar de não ter conseguido escapar do seu trágico destino, Inês de Castro, mesmo depois de morta, jazendo na capela, conservou em sua pele a cor e a maciez das flores do campo.
E
depois da morte de Inês, o nome de seu amado, que ela sussurrara ao morrer, ecoou pelos vales, e as lágrimas das ninfas do Mondego deram origem a uma fonte que sempre lembrará sua história.