Leonardo da Vinci costumava afirmar que “a simplicidade é o último grau da sofisticação”. O anseio pela simplicidade é algo cada vez mais percebido na sociedade. Perante um mundo cada vez mais complicado, as pessoas estão reagindo, se posicionando e buscando mais simplicidade para a vida pessoal e profissional. Essa simplicidade é necessária para trilhar com êxito o complexo caminho da vida e, felizmente, parece que essa percepção está começando a se espalhar no mundo e os sinais de mudanças culturais já são evidentes.
Contudo, existe um conceito negativo que às vezes é aplicado à simplicidade: estupidez ou ignorância. Obviamente não devemos confundir simplicidade com simplório, superficialidade, banalidade, desinteresse ou preconceito. Não é disso que estamos falando.
A arte da simplicidade é tão sutil quanto o exercício da nossa inteligência, por isso exige muita criatividade. Complicar é fácil, simplificar é difícil. É preciso trabalhar bastante para ter ideias claras e que possam ser comunicadas e realizadas, sem complexidades inúteis, mas criando harmonia, unidade, coerência e resultados.
A experiência iluminante e muitas vezes fascinante da síntese criativa, de uma intuição ou da solução de um problema, nos leva a constatar que foi a simplicidade que permitiu aquele resultado. As soluções mais eficazes são quase sempre as mais simples. Lembrei‐me de um conto árabe que exemplifica bem isso:
Mullah Nasruddin colocou mel para esquentar no fogo quando, inesperadamente, chegou um amigo para visitá‐lo. O mel ficou tempo demais no fogo e começou a ferver. Mullah ofereceu um pouco ao amigo em uma xícara. Como estava muito quente, o amigo se queimou. Mullah pegou então um leque e o agitou em cima da panela que ainda estava no fogo, para resfriá‐lo.
Existem situações nas quais as pessoas se obstinam a querer “resfriar o mel com um leque e não tiram a panela do fogo nem apagam o fogo”, e isso é bem o exemplo de como às vezes o ser humano complica e usa sua energia e esforço em ações cansativas e inúteis, que não resolvem o problema.
(Eduardo Shinyashiki, Psique Ciência & Vida. Ed. Escala, número 111. Fragmento.)
Assinale a afirmativa correta em relação aos elementos linguísticos do trecho em destaque: “[...] existe um conceito negativo que às vezes é aplicado à simplicidade [...]” (2º§)