Questão
Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC Campinas
2017
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Luiz Gama (1830-1882) foi um dos raros intelectuais negros brasileiros do século XIX, o único autodidata e também o único a ter sofrido a escravidão antes de integrar a república das Letras, universo reservado aos brancos. Em São Paulo, em 1859, lançou a primeira edição de seu único livro – Primeiras trovas burlescas de Getulino –, uma coletânea de poemas satíricos e líricos até bem pouco rara. Pela primeira vez na literatura brasileira, um negro ousara denunciar os paradoxos políticos, éticos e morais da sociedade imperial. (...) Jamais frequentou escolas, pois, como afirmara, “a inteligência repele os diplomas, como Deus repele a escravidão”. Luiz Gama converteu-se no incansável e douto “advogado dos escravos”. O poeta então se eclipsa, cedendo lugar ao abolicionista e militante republicano. 

(FERREIRA, Lígia Fonseca. “Luiz Gama por Luiz Gama: carta a Lúcio de Mendonça”. Revista Teresa de Literatura Brasileira (8/9). São Paulo: Editora 34/Universidade de São Paulo, 2008, p. 301)

Em relação à proposição “Deus repele a escravidão”, sabe-se que os jesuítas
A
defenderam enfaticamente que essa forma de trabalho fosse abolida na América hispânica uma vez que consideravam que todos eram iguais perante Deus, sendo, por essa razão, expulsos, primeiro pela Coroa Portuguesa e, em seguida, pela Coroa Espanhola, após décadas de trabalho missionário.
B
apresentaram, gradativamente, postura cada vez mais complacente em relação aos indígenas, argumentando que estes não deveriam ser submetidos ao regime da agricultura nos moldes ocidentais, uma vez que, diferentemente dos negros, eram frágeis fisicamente e detinham suas próprias técnicas de subsistência, como o extrativismo e a coivara.
C
dividiram-se em dois grupos com opiniões divergentes, sendo um defensor do trabalho compulsório aos indígenas e africanos, contanto que combinado à catequese e a um tratamento humanista desses cativos, e outro favorável ao estabelecimento de missões que atraíssem espontaneamente índios e negros que ali poderiam trabalhar em comunidade e estudar.
D
discutiram efusivamente essa questão, desafiando as orientações superiores em nome da piedade cristã aos índios e negros, até o momento em que o trabalho compulsório se mostrou indispensável para sua fixação e sobrevivência nas colônias, etapas que venceram com êxito, a ponto de se transformarem em uma ameaça político-econômica à dominação das coroas hispânicas.
E
consideravam a escravidão um mal necessário para a colonização do novo mundo, sendo especialmente admissível no caso da população africana, que já adotara essa prática em suas próprias terras e se mostrava arredia à adoção do cristianismo, bem como nos casos de indígenas hostis, aos quais cabia a aplicação dos princípios da “guerra justa”.